O ano de 2017 apresenta dois grandes desafios para o mercado jurídico, situações que se acumulam ao longo do tempo e que ainda não tiveram sua solução:
- O crescimento do número de advogados, muitos deles não totalmente preparados para enfrentar as dificuldades da carreira jurídica.
- A instabilidade econômica enfrentada pelo país desde 2015, criando a pior recessão já enfrentada em nossa história.
1. O crescimento do número de advogados
Segundo o Anuário de Advocacia, o Brasil passou de pouco mais de 500 mil advogados em 2006 para mais de 1 milhão no final de 2016, ou seja, duplicou o número de profissionais em apenas dez anos.
O crescimento é, por um lado, indicativo de que o mercado jurídico apresentou condições favoráveis. Entretanto, também apresenta o grande desafio a ser enfrentando por quem está atuando na área, já que esse aumento representa uma concorrência bastante acirrada. Infelizmente, muitas vezes acaba ocorrendo o aviltamento dos honorários, dando mais valor ao pagamento de um profissional do que à qualidade apresentada pelos seus serviços.
Para lidar com o crescimento, os advogados e os escritórios de advocacia devem buscar atualização. Além disso, devem adotar estratégias como direcionamento de atividades para resultados e procurar tornar as relações com os clientes mais objetivas e assertivas, facilitando a prospecção de clientes que possam trazer valor para o escritório.
Ao mesmo tempo, o próprio escritório deve enfrentar a crise econômica, estabelecendo estratégias que possam acompanhar as mudanças do mercado. Dessa forma, o escritório consegue o desenvolvimento necessário para sua própria manutenção e crescimento.
2. A crise econômica como grande desafio para o mercado jurídico
A crise econômica que enfrentamos desde 2015, ao mesmo tempo em que se mostra como uma preocupação para os advogados, também oferece grandes possibilidades de desenvolvimento. Nesses dois últimos anos, o Direito Tributário foi a especialidade que conseguiu maior destaque, tendo grande evolução no mercado, apresentando-se como uma área em franco crescimento, possibilitando que os advogados possam encontrar uma especialização que traga resultados.
Outras áreas que se apresentam como desafios, mas no bom sentido, quando se oferecem como possibilidades de desenvolvimento para os advogados, são as de exportação e importação, de operações financeiras e de infraestrutura. Os gestores de escritórios de advocacia, portanto, possuem condições de se desenvolver e conseguir relevo dentro de uma concorrência não totalmente preparada para atender as necessidades do mercado.
O mercado de trabalho jurídico, portanto, deve procurar analisar os fatores exigidos pela sociedade para encontrar os meios de desenvolvimento e crescimento. Deve voltar-se principalmente para a manutenção de sua reputação, um dos pontos mais relevantes para que o escritório seja procurado por uma empresa.
Além disso, o escritório de advocacia deve apresentar expertise nos setores exigidos pela empresa. Para isso, é necessária constante atualização sobre as tendências do mercado, situação que irá possibilitar a contratação de novos negócios, não apenas para atender processos, mas para o trabalho de orientação e de análise, evitando que as empresas caiam em armadilhas legislativas ou aduaneiras, dependendo de sua área de atuação.
O grande desafio é conseguir novos contratos e mantê-los
Diante das condições do mercado jurídico, podemos, afinal, colocar apenas um grande desafio para os escritórios e advogados em atuação: conseguir novos contratos! Através dos quais o profissional poderá mostrar sua experiência e conhecimento, atendendo às necessidades da empresa contratada e mantendo esses contratos através do perfeito atendimento.
O principal motivo que leva qualquer empresa a romper o contrato com um escritório de advocacia é a percepção da queda na qualidade dos serviços. Assim, ocorrem as falhas no atendimento de assuntos de interesse da empresa e a falta de relacionamento entre os sócios, e esse último é o principal fator para desmerecer a reputação de um escritório.
Com a crise econômica que atravessamos, as empresas estão segurando seus investimentos Isso já pôde ser observado no final de 2016 e isso exige dos advogados a adoção de medidas inovadoras, propondo estratégias diferenciadas para conseguir novos contratos e sobressair-se diante da concorrência.
Essa necessidade exige que os escritórios possam se reinventar. Os escritórios devem oferecer condições inovadoras para o atendimento de clientes, analisar as oportunidades que o mercado possa oferecer, mesmo em crise, e, principalmente, o que a crise pode fazer de útil pelos escritórios.
Havendo necessidade, o escritório de advocacia não pode se furtar a renegociar os contratos mantidos com as empresas, sempre procurando manter sua margem de lucro, mas entendendo as expectativas de seus clientes. Para os escritórios que mantêm contratos, esta é a melhor saída, mas ainda existem aqueles advogados que estão começando agora no mercado jurídico e, para estes, o mais importante é continuar estudando, manter-se preparados para atuar num ambiente cada vez mais globalizado e voltado para negócios empresariais.
O advogado, mais do que um defensor de processos jurídicos, está se tornando um coempreendedor, um profissional necessário para as empresas e, se souber atuar nesse sentido, certamente terá condições de sobreviver e vencer os desafios.