O que os principais personagens de How to Get Away with Murder nos ensinam?

Por | 2016-12-29T08:52:58-02:00 29 de dezembro de 2016|

A série “How to Get Away with Murder” tem como atração principal um grupo de estudantes de Direito e uma professora brilhante e misteriosa. A série é voltada para a defesa criminal, onde os personagens são envolvidos em uma trama de assassinato que mexe com toda a Universidade e muda o curso da vida de todos.

A série foi lançada em 2014 e já está caminhando para sua terceira temporada, começando com uma trama baseada no romance “O Caso dos Dez Negrinhos”, de Agatha Christie.

Annalise Keating, a estrela da série

A principal personagem da série é a professora, Annalise Keating. Ela é interpretada por Viola Davis, professora de Direito numa Universidade de prestígio na Filadélfia que, com cinco de seus alunos, encontra-se envolvida em uma trama de assassinatos.

Os alunos são vividos por Alfred Enoch, Jack Falahee, Aja Naomi King, Matt McGorry e Karla Souza, enquanto Charlie Weber e Liza Welcomo são seus assistentes. Katie Findlay vive uma ex-cliente e Billy Brow um detetive policial que também é amante de Annalise.

Os episódios se desenrolam em torno da vida pessoal e profissional de Annalise que busca o apoio de seus cinco alunos para trabalharem em seu próprio escritório, procurando que tenham maior experiência.

Na vida pessoal, ela vive com seu marido, Sam Keating, um psicólogo renomado, mas mantém seu relacionamento às escondidas com o detetive de polícia. As coisas começam a acontecer quando sua vida pessoal e profissional estão perto do colapso e, involuntariamente, junto com seus alunos, acaba envolvida na trama de assassinatos.

A primeira temporada da série apresenta a trama que envolve Annalise e seus alunos, que estão resolvendo casos policiais e que são mostrados tratando dos próprios problemas pessoais. Quando estão investigando um assassinato, surge um novo, mas, desta vez, parece que os responsáveis são eles próprios. A situação muda toda a trama, trazendo ao espectador cenas de muito suspense. É necessário encontrar o verdadeiro assassino e eximir-se da responsabilidade que está caindo sobre eles.

Os acontecimentos da segunda temporada levam Annalise e seus alunos a investigar novos casos, principalmente o de dois irmãos que são acusados de envolvimento na morte de seus pais adotivos. Enquanto os episódios também mostram as questões pessoais, envolvem-se em novos problemas, que pode se apresentar fatal para qualquer um deles.

Na terceira temporada ainda temos assassinatos recentes sem solução, com o desaparecimento de um dos personagens e todos lutando para que seus segredos não sejam expostos. É o momento em que as relações são prejudicadas, em que as mentiras saem do controle e, ao mesmo tempo, um novo e chocante mistério faz com que a vida de todos se transforme numa grande turbulência.

O que nos passa How to Get Away with Murder?

A série How to Get Away with Murder, ao contrário de muitas outras, está longe de estereótipos. O mundo em que vivemos mostra uma constante luta pelos direitos humanos, pela igualdade entre as pessoas e pela valorização da vida, ao mesmo tempo em que se percebe a incoerência de haver violência em excesso e pouco respeito pelas pessoas.

A época está voltada para os cuidados com a marginalização da mulher, o preconceito contra negros e muçulmanos, o constante crescimento de referências à homossexualidade na indústria do entretenimento. A série, nesse contexto, vem colocar as classes marginalizadas sob os holofotes.

Nesse sentido, podemos considerar How to Get Away with Murder como uma obra que busca oferecer aos espectadores uma forma de lidar com as diferenças, mantendo o respeito pelas pessoas e entendendo que cada uma tem o seu direito à vida e aos próprios objetivos.

Um dos principais elementos está exatamente na atriz Viola Davis, em seu papel de Annelise. Trata-se de uma personagem difícil de ser entendida, podendo mesmo ser considerada odiosa em determinados momentos. Mas as tramas em que se envolve e os riscos que corre faz com que o público torça por ela, vivendo intensamente seus momentos de depressão e de derrotas.

A depressão, aliás, é um tema recorrente na série, refletindo exatamente um dos grandes problemas enfrentados pela humanidade. E a depressão acontece de forma tão drástica no mundo atual que percebemos tratar-se de algo inevitável, consequência de todo o egoísmo vivido pelas pessoas, com suas preocupações fúteis e rotineiras, deixando de prestar atenção nas pessoas próximas e relegando-as às suas próprias frustrações. É o caso do personagem Wes Gibbins, vivido por Alfred Enoch, que vive momentos terríveis.

Como nos referimos anteriormente, as questões de gênero estão inseridas de forma definitiva nos filmes e séries atuais. É esse exatamente o caso de Connor Walsh, interpretado por Jack Falahee, que é apresentado como um personagem marcante e divertido, tendo sua homossexualidade tratada de forma natural, fazendo com que se questione por que isso não acontece no mundo real.

A série, assim, apresenta pontos positivos, mostrando que é possível viver-se num mundo onde as relações homoafetivas podem ser vistas com os mesmos olhos com que qualquer relação heterossexual seja vista.

How to Get Away with Murder é uma série que trabalha com lógicas firmes e ligadas entre si. Cada episódio mostra um caso diferente, com Annalise buscando defender um novo cliente. Ao mesmo tempo em que a trama de fundo é desenvolvida aos poucos, o que possibilita mostrar todas as facetas dos personagens.

Para quem gosta de analisar o perfil de personagens, a produção é um prato feito. Nuances as mais diferentes são encontradas em cada um deles, possibilitando uma análise ampla da situação do ser humano nos tempos atuais.

Assistindo aos episódios, em inúmeras ocasiões o espectador presencia situações que ele mesmo poderia estar vivendo, encontrando-se em aspectos os mais diferenciados de exigência de uma postura definida. Ao mesmo tempo, também vemos a indefinição, a indecisão, o gritante contraste com uma realidade que nos circunda.

Bom seria, naturalmente, que tivéssemos soluções às vezes milagrosas, mas não é isso o que ocorre na realidade. O mundo das séries pode até se mostrar como um espelho da realidade, com personagens cada vez mais bem delineados, mas a realidade os suplanta em cada momento.