Chacina da Candelária é o nome pelo qual ficou conhecido o episódio ocorrido em 23 de julho de 1993, próximo à Igreja da Candelária, no Rio de Janeiro, quando oito jovens, sendo 6 menores e 2 maiores de idade, sem teto, foram assassinados por policiais militares.
Nesse dia, pouco antes da meia-noite, dois carros com placas cobertas pararam em frente à igreja e os ocupantes saíram atirando contra dezenas de pessoas, na maior parte crianças e adolescentes, que estavam dormindo nas proximidades.
As investigações levaram aos autores dos disparos, mostrando que eram policiais. Entre os que foram atingidos, alguns ficaram apenas feridos e um deles, Sandro Barbosa do Nascimento, novamente reapareceu no noticiário policial sete anos depois, como o autor do sequestro do ônibus 174, também no Rio de Janeiro.
Durante a investigação, surgiu um sobrevivente, Wagner dos Santos, que havia sido atingido por 4 tiros. Seu testemunho foi fundamental para o reconhecimento dos envolvidos. Wagner, no entanto, sofreu novo atentado, em 1994, sendo colocado no Programa de Proteção a Vítimas e Testemunhas Ameaçadas e está atualmente sendo mantido pelo governo federal na Suíça, sofrendo ainda sérios problemas de saúde em virtude dos tiros recebidos.
Sete pessoas foram indicadas no processo: Marcus Vinícius Emmanuel Borges, Cláudio dos Santos, Marcelo Cortes, Jurandir Gomes França, Nelson Oliveira dos Santos , Marco Aurélio Dias de Alcântara e Arlindo Afonso Lisboa Júnior, os três primeiros policiais militares. Enquanto Arlindo ainda não tenha sido julgado, foi condenado a dois anos por ter em seu poder uma das armas do crime.
Três deles já foram condenados, mas permanecem em liberdade, beneficiados por indulto ou em liberdade condicional:
- Marcus Vinícius Emmanuel Borges, ex-policial militar, que foi condenado a 309 anos de prisão em primeira instância. Seu advogado recorreu da sentença e, num segundo julgamento, foi condenado a 89 anos. O Ministério Público pediu um novo julgamento e, em fevereiro de 2003 ele foi condenado a 300 anos.
- Nelson Oliveira dos Santos, que foi condenado a 243 anos de prisão pelas mortes da chacina e a 18 anos por tentativa de assassinato, recorreu também da sentença, tendo sido absolvido pelas mortes em segundo julgamento, mesmo tendo confessado os crimes. O Ministério Público recorreu e, em 2000, ele foi condenado a 27 anos de prisão pelas mortes, tendo sido mantida a condenação por tentativa de assassinato, somando pena de 45 anos. Nelson também já está em liberdade condicional.
- Marco Aurélio Dias de Alcântara, que também foi condenado a 204 anos de prisão, foi liberado e está em liberdade.
Arlindo Afonso Lisboa Junior foi condenado a apenas dois anos, por ter em seu poder uma das armas usadas na chacina, e Carlos Jorge Liaffa, que não foi indiciado, mesmo tendo sido reconhecido por um dos sobreviventes e mesmo depois de a perícia ter comprovado que uma das cápsulas que atingiu uma das vítimas foi disparada pela arma de seu padrasto.
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