A Lei Complementar n° 135/2010 é uma lei que foi emendada à Lei Complementar n° 64/1990, ou Lei de Condições de Inelegibilidade, originada de um Projeto de Lei de iniciativa popular idealizado por diversos juristas, capitaneados pelo juiz Márion Reis, reunindo cerca de 1,6 milhão de assinaturas para garantir a idoneidade dos candidatos a cargos públicos do Executivo e Legislativo nas esferas Federal, Estadual e Municipal.
A lei tinha por objetivo tornar inelegíveis por 8 anos qualquer candidato que tivesse o mandato cassado, que renunciasse ao cargo para evitar a cassação ou que fosse condenado por decisão de órgão colegiado, ou seja, por mais de um juiz, mesmo que houvesse a possibilidade de recursos.
Aprovada, a lei proíbe que políticos condenados em segunda instância possam se candidatar. A lei foi considerada constitucional pelo STF e válida para as eleições subsequentes a 2010, tentando representar um avanço para a ocupação de cargos públicos.
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A Lei da Ficha Limpa pegou?
Um dos mais sérios problemas no Brasil é uma lei “pegar” ou “não pegar”, ou seja, ser eficientemente aplicada ou não. As críticas do ministro Gilmar Mendes, do STF, que causaram polêmicas na última semana, mostram que a Lei da Ficha Limpa pode ser manipulada, de acordo com os interesses momentâneos.
Segundo o ministro, a lei não especifica o “órgão competente” para julgar as contas ou para determinar se um candidato pode ser elegível ou se está proibido. Durante julgamento no plenário do STF, chegou-se à conclusão que contas não julgadas pelo Legislativo não inviabilizam uma candidatura. Porém, também não impedem que os parlamentares responsáveis sejam responsabilizados por descumprir com o dever, deixando o candidato isento de ações por improbidade ou criminais, em caso de má gestão dos recursos públicos.
Embora a Lei da Ficha Limpa tenha sido um avanço para o exercício da democracia e do sistema eleitoral brasileiro, percebe-se que precisa ser aperfeiçoada, buscando colocar nos cargos públicos pessoas que sejam honestas e eficientes.
Contudo, é preciso ressaltar que a Lei da Ficha Limpa mexe diretamente com as pessoas que estão no poder e, desta forma, sempre será uma lei que mais atende aos interesses de quem a fez do que aos interesses do país.