Um advogado é, na verdade, o primeiro juiz de qualquer causa. Desta forma, a melhor resposta a esse questionamento é: se o advogado não acredita no cliente, a melhor atitude é não assumir a causa. Mesmo porque uma causa não deve ser assumida apenas pelo valor que pode render, mas principalmente pelo que pode trazer de bom para a carreira do advogado.
Para que o advogado possa aceitar uma causa, em primeira instância é necessário que confie naquilo que o cliente está lhe transmitindo. Ao perceber que o cliente não está sendo fiel com a verdade, quando não conta todos os fatos, é melhor recusar a causa e esquecer esse cliente. Já que ele não confia no advogado que está contratando, como você, advogado, vai confiar nele?
É necessário trabalhar com o bom senso e saber que, de qualquer forma, a mentira sempre tem pernas curtas e, quando o seu possível futuro cliente não está lhe dizendo a verdade sobre aquilo que deve defender, o próprio advogado poderá se ver em situação contrária aos princípios de sua profissão quando a verdade aparecer.
Trabalhando a verdade com o cliente
É bom ressaltar que um advogado pode pegar a causa de um réu confesso e buscar os meios para defendê-lo, desde que esse cliente narre, com todos os detalhes, tudo o que aconteceu. Só dessa maneira é que o advogado terá condições de montar uma defesa coerente, dentro dos padrões exigidos e dentro do que a legislação permite.
Mesmo porque, quando o advogado não confia em seu cliente, terá ao seu lado também um juiz que não vai confiar naquilo que o réu poderá dizer e que, ao mesmo tempo, irá perceber que o advogado não conhece toda a verdade sobre o caso que está defendendo.
Um cliente que se presta a não dizer a verdade ao seu próprio advogado, em suma, não merece defesa. O advogado, além de ser um profissional responsável pelos cuidados e defesa de seu cliente, também deve ser o confessor do cliente, deve conhecer todas as nuances de sua personalidade e saber sobre os erros cometidos para que tenha condições de elaborar sua defesa.