“O.J: Made in America” foi o filme mais longo da história do cinema americano a ganhar um Oscar. Indicado para o prêmio de melhor documentário, o filme ficou com a estatueta.
A série foi criada para a TV pela ESPN norte-americana, mas foi exigida nos cinemas para que pudesse entrar na concorrência ao Oscar, superando o recorde do último longa a conseguir um Oscar, o filme russo “Guerra e Paz”, de 1969. O documentário tem 7 horas e 47 minutos, enquanto que o filme “Guerra e Paz” possui 7 horas e 7 minutos.
Quem foi O.J Simpson
O.J. Simpson foi uma estrela do futebol norte-americano, tendo uma vida marcada por tragédias.
O jogador já havia perdido o filho caçula, Aaren, que morreu afogado na piscina de sua casa e, mais tarde, sua ex-mulher, Nicole Brown, foi encontrada morta e O.J. foi acusado e julgado.
Embora inocentado, O.J. perdeu toda sua fortuna com ações cíveis das famílias de sua mulher e do homem também encontrado morto ao seu lado, Ron Goldman. O jogador teve seu troféu de melhor jogador universitário leiloado e vendido por 500 mil dólares e pagou 1,44 milhão de dólares em uma ação por sonegação de impostos na Califórnia.
O.J. foi condenado em 5 de dezembro de 2008 a 33 anos de prisão pela invasão e roubo de itens do Palace Station, um hotel de Las Vegas, alegando que esses itens lhe pertenciam.
O craque era filho de uma drag Queen e começou a ganhar destaque no esporte em San Francisco, através dos jogos universitários, conseguindo fama de melhor jogador norte-americano.
No entanto, sua fama chegou ao auge quando foi visto por 90 milhões de pessoas, pela TV, fundo da política em um Ford Bronco de cor branca, pelas estradas da Califórnia depois de ser formalmente acusado pelo assassinato da ex-mulher.
A série, dirigida por Ezra Edelman, mostra muito mais do que a vida do jogador e as consequências do caso.
O documentário enquadra tudo dentro do cenário sociopolítico norte americano, desde os tempos da luta pelos direitos civis dos negros através de atletas, como foi o caso de Muhammad Ali na década de 1960 e a onda de protestos em Los Angeles, na década de 1990, com a morte do taxista negro Rodney King por policiais brancos.
A carreira de O.J. Simpson
O.J. foi batizado como Orenthal James Simpson, tendo nascido em 9 de julho de 1947, em San Francisco e levando uma vida comum entre as crianças pobres e negras. Seu caminho melhorou através dos esportes.
Através de uma bolsa de futebol americano, foi transferido para a Universidade da Califórnia em 1967, transformando-se em estrela. Nesse ano, levou seu time, os Trojans, ao título nacional, definindo uma vaga no Rose Bowl, o estádio mais famoso do torneio de futebol universitário.
Sua carreira, a partir disso, foi de vento em popa. Conheceu Nicole, com quem se casou e com quem teve 3 filhos (perdendo o caçula, que morreu afogado) e de quem se separou.
Em 1995, foi acusado de seu assassinato e de seu amigo Ronald Goldman. Num julgamento controverso e bastante longo, que recebeu grande destaque na mídia americana, foi absolvido.
Voltou a ter problemas com a lei em 2007, depois de ter sido preso em Las Vegas, acusado de diversos filmes, entre eles assalto à mão armada, sequestro e formação de quadrilhas.
Foi considerado culpado de todas as acusações em outubro de 2008, ficando detido até a promulgação da sentença, em 5 de dezembro de 2008.
A condenação lhe rendeu 33 anos de prisão (15 por sequestro, 6 por porte de arma durante o crime e 12 por roubo).
Segundo a revista National Enquirer, em 2011 ele teria sido espancado por um grupo de jovens skinheads no pátio da prisão, motivado por uma briga onde ele teria se vangloriado de ter tido relações sexuais com mulheres brancas.
Com a surra, o jogador teria ficado 3 semanas internado na enfermaria da penitenciária, não tendo conseguido se recuperar mentalmente, ficando com medo de deixar sua cela.
O jogador, depois de ser inocentado pela morte da ex-esposa, escreveu um livro, “If I Did It” (Se eu tivesse feito), descrevendo hipoteticamente como teria executado o plano da morte do amigo e a de Nicole.
A frieza com que contou a história gerou ódio no povo americano, que chegou a fazer manifestações contra a venda do livro, levando até mesmo um dos sócios da editora a pedir desculpas em público. A editora, aliás, precisou destruir cerca de 400 mil exemplares do livro.
A sentença de Simpson não teve qualquer alteração, uma vez que, nos Estados Unidos, ninguém pode ser julgado duas vezes pelo mesmo crime.