O ano de 2017 serviu para que a tecnologia pudesse deslanchar para outras áreas, ainda carentes de inovações propiciadas pela modernização.
As fintechs, por exemplo, entraram no mercado anteriormente, oferecendo maior eficiência nas operações financeiras. Como se trata de organizações mais enxutas, conseguem competir com os grandes bancos e instituições financeiras, oferecendo preços competitivos e novas alternativas ao cliente.
Com isso, estamos chegando ao final de 2017, com, pelo menos, 130 fintechs brasileiras, sendo que a metade delas já alcançou faturamento acima de 1 milhão de reais, de acordo com o relatório do FintechLab, StartUp criada especialmente para esse acompanhamento.
Agora é a hora das lawtechs e legaltechs
Imediatamente atrás das fintechs, as lawtechs e legaltechs chegaram e estão chegando para revolucionar o cenário jurídico brasileiro, por mais conservador que esse setor possa parecer.
Nos Estados Unidos, 2017 serviu para a implantação do primeiro robô advogado do mercado jurídico mundial, conhecido como Ross, que usa a inteligência artificial de um supercomputador, o Watson da IBM. Ao mesmo tempo, no Reino Unido, as grandes empresas estão apostando em lawtechs e legaltechs, investindo altos valores para que possam se desenvolver.
A situação do mundo jurídico brasileiro é bastante peculiar. De acordo com o Conselho Nacional de Justiça, a condição da Justiça brasileira está cada vez mais assustadora. Sem levar em conta os processos em poder do Supremo Tribunal Federal, conhecido por sua morosidade, em decorrência do acúmulo de processos, se nenhuma ação tivesse sido impetrada durante 2017, a Justiça levaria pelo menos 3 anos até resolver todos os problemas pendentes.
Na Justiça brasileira estão em andamento pelo menos 74 milhões de processos, um número que só vem aumentando desde o ano de 2009. Essa situação exige modelos tecnológicos que possam mudar a maneira como a advocacia trabalha no Brasil.
Hoje, o Brasil está em primeiro lugar no mundo todo em gasto percentual do PIB com o sistema judiciário, sendo o país que mais forma bacharéis no planeta, tendo também o maior número de advogados entre os países.
Além de toda a morosidade da Justiça, ainda contamos com os altos custos de cada processo. Para uma grande empresa, um processo já chega custando uma média de, pelo menos, R$ 18 mil reais na primeira audiência. Nesse valor são considerados os gastos mensais com uma estrutura montada para acompanhar os processos que, normalmente, precisam de 9 meses de espera decorrentes apenas do protocolo da ação.
O Brasil vive uma situação que não tem o menor sentido, segundo os próprios juristas. O custo que as empresas e o próprio Estado têm para manter ações de valores irrisórios que, muitas vezes, acabam em acordos depois de anos, é excessivamente alto, perdendo bilhões de reais de impostos e de empresas, desperdiçados em processos judiciais que nem precisariam ser protocolados em Tribunais.
Neste cenário, as lawtechs e legaltechs se tornam a grande esperança para os próximos anos. Trazendo alternativas e facilidades nas mais diversas atividades jurídicas. Inclusive, neste ano nasceu a AB2L – Associação Brasileira de Lawtechs & Legaltechs, demonstrando o crescimento e a organização das empresas da área que estão em busca da modernização do mercado jurídico.