Advogados da Lava-Jato: milionários à custa de corrupção?

Por | 2018-03-14T22:22:49-03:00 20 de dezembro de 2017|

A revista Veja, na edição de 29 de novembro, estampou na capa uma foto do criminalista Adriano Bretas, com um charuto na boca. A foto chamou para a reportagem sobre os novos ricos da Lava-Jato, ou seja, os advogados que enriqueceram no trabalho de defesa dos clientes envolvidos na operação.

Logo depois de publicada, porém, a Veja recebeu contestações sobre a matéria, inclusive com notas de envolvidos na matéria.

Adriano Bretas, advogado do ex-ministro Antonio Pallocci, afirmou, através de nota que, quando foi procurado pela revista, o tema seria totalmente oposto ao que foi publicado. O advogado reclamou que a matéria cria uma falsa ideia de que ele e seus companheiros têm uma vida fácil e luxuosa e que ficaram ricos com dinheiro provindo da corrupção.

A matéria da revista Veja apresenta uma foto de Bretas com um charuto cubano de 350 reais a unidade e o advogado afirma que as fotos foram feitas ao final do expediente, num momento de descontração, esclarecendo ainda, na nota, que, entre outras incongruências informadas, o seu escritório não é gigante e nem ele é filho único de família rica.

Também retratado na reportagem, Antonio Carlos Kakay, descrito como um sheik dos advogados, é colocado no grupo chamado pela revista de “realeza”, formado por advogados que cobram acima de R$ 10 milhões por causa.

O advogado também se manifestou através de nota, afirmando que a reportagem reforça o preconceito contra os advogados. Principalmente na advocacia criminal, o advogado sabe que é seu dever não expor o cliente. Para ele, a matéria é sobre valores de honorários com números que se apresentam como saídos da cartola de um mágico ou de um ilusionista.

Também incluídos no grupo dos mais caros advogados da Lava-Jato, Alberto Zacharias Toron e Cláudio Mariz, afirmam que os dados não são verdadeiros, informando que não foram procurados pela revista.

A reportagem da Veja ainda destaca o advogado criminalista Márcio Thomaz Bastos, falecido em novembro de 2016, que era o coordenador das defesas da Odebrecht e da Camargo Corrêa. Segundo a revista, o advogado cobrava R$ 15 milhões por um único caso.

Os valores podem ser justificáveis pela sua competência como jurista, além de ter sido ministro da Justiça de 2003 a 2007, bem como ter sido responsável pela reestruturação da Polícia Federal para atuação em casos mais complexos.

Para os advogados, os valores que recebem estão entre R$ 3 milhões e R$ 5 milhões, cuja metade é paga nos primeiros meses. Esses valores são calculados com base na complexidade do caso e no tempo de dedicação, sabendo, também, que são processos que podem levar mais de dez anos de trabalho.

A reportagem concluiu que alguns criminalistas podem passar por uma saia justa. Os parlamentares procuram os mesmos advogados que já estão cuidando da defesa dos empresários de construtoras envolvidos na Lava-Jato.

Como uma estratégia de defesa dos empresários, os advogados afirmam que pagaram propina aos políticos para não comprometer a atividade de suas empresas e, nesse caso, estariam incorrendo num grave problema de ética, recebendo valores que são provenientes de dinheiro ilícito.

Advogados paranaenses: longe da crise econômica

Os advogados criminalistas do Paraná, especificamente de Curitiba, envolvidos na maior operação de combate à corrupção, no entanto, mostram-se satisfeitos com a grande carga de trabalho apresentada pela Lava-Jato.

A operação vem aquecendo o mercado jurídico, exigindo a ampliação de equipes e fazendo com que os escritórios cobrem mais pelos honorários. Segundo os profissionais, até mesmo quem não está atuando diretamente nos casos, está lucrando com isso.

No entanto, eles próprios afirmam que seus honorários não estão nem perto dos grandes escritórios de São Paulo, do Rio de Janeiro ou de Brasília.

Para os advogados, ficar milionário com a Lava-Jato é bastante difícil, já que só quem defende delatores consegue melhores honorários. Ao longo do tempo, quando o custo é colocado em números, o lucro não é tão alto.

Além disso, os advogados também lembram que correm um grande risco: o calote. Grande parte dos investigados tiveram contas bloqueadas pela Justiça, não podendo arcar com o pagamento dos honorários.

Conte para nós qual é a sua opinião sobre a reportagem e as respostas dos advogados?